Para ler, refletir e guardar, três belas histórias do livro “Zen Shorts”, de Jon J. Muth.
“A Sorte do Fazendeiro”. Era uma vez um velho fazendeiro que já trabalhava arduamente havia muito anos. Um dia, seu cavalo fugiu. Ao ouvir a notícia, seus vizinhos foram visitá-lo. “Quanta má sorte”, eles disseram. “Talvez”, respondeu o fazendeiro.
Na manhã seguinte, o cavalo retornou, trazendo com ele dois outros cavalos selvagens. “Quanta boa sorte!”, exclamaram os vizinhos. “Talvez”, respondeu o fazendeiro.
No dia que se seguiu, o filho do fazendeiro tentou montar um dos cavalos indomados, foi jogado e quebrou sua perna. Novamente, os vizinhos vieram oferecer sua simpatia após o infortúnio. “Quanta má sorte”, eles disseram. “Talvez”, respondeu o fazendeio.
No outro dia, oficiais militares chegaram à vila para levar os jovens para o exército, para lutarem em uma Guerra. Ao ver a perna quebrada do filho do fazendeiro, eles passaram reto. “Quanta boa sorte”, gritaram os vizinhos. “Talvez”, disse o fazendeiro.
“Um grande peso”. Dois monges andarilhos chegaram a uma cidade onde uma jovem mulher estava esperando para descer de sua liteira. As chuvas causaram poças profundas e ela não podia passar por elas sem estragar seu robe de seda. Ela ficou por alí, olhando para o outro lado, de maneira muito impaciente. Ela reclamava para seus servos, mas eles não tinham onde deixar os pacotes da patroa, então eles não tinham como ajudá-la a passar pelas poças.
O monge mais jovem percebeu a mulher, mas não disse nada e seguiu adiante. O monge mais velho a pegou rapidamente, colocou-a em suas costas e a transportou para o outro lado, onde a deixou. Ela não agradeceu o monge mais velho, ela apenas o tirou de seu caminho e seguiu adiante.
Enquanto eles seguiam adiante, o monge mais novo meditava, preocupado. Depois de várias horas de silêncio, ele finalmente falou. “Aquela mulher lá atrás foi muito egoísta e rude, mas ainda assim você a carregou em suas costas! Depois, ela nem agradeceu você!” “Eu descarreguei aquela mulher lá atrás há várias horas”, o monge mais velho respondeu e continuou. “Por que, então, você ainda a está carregando?”
“Tio Ry e a Lua”. Meu tio Ry morava sozinho em uma casa nas Colinas. Ele não possuia muitas coisas e levava uma vida simples. Uma noite, ele descobriu que tinha um visitante. Um ladrão havia invaido sua casa e estava vasculhando entre os poucos pertences de meu tio.
O ladrão não percebeu tio Ry e quando meu tio disse ‘Olá’, o assaltante ficou tão surpreso que quase caiu. Meu tio sorriu e apertou as mãos do ladrão. “Seja bem-vindo! Seja bem-vindo! Que bom que você veio me visitar!”. O assaltante abriu a boca para falar, mas não conseguia pensar em nada para dizer.
E porque Ry nunca deixa ninguém sair de mãos vazias, ele procurou em sua pequena cabana algo para presentear o ladrão, mas não encontrou nada. O assaltante tentava escapar, indo em direção à porta. Finalmente, tio Ry soube o que fazer. Ele tirou seu único roupão, que já estava velho e remendado. “Aqui. Por favor, leve isso”.
O ladrão pensou que meu tio estava louco. Ele pegou o roupão, correu para a porta e escapou pela noite. Meu tio sentou e olhou para a lua, seu brilho prateado espalhado pelas montanhas, tornando tudo quieto e bonito. “Pobre homem”, lamentou meu tio. “Tudo o que eu tinha para dar a ele foi meu roupão remendado. Se eu pelo menos pudesse ter dado a ele esta lua maravilhosa.”
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"Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto."Rubem Alves