Sucesso se constrói a partir da harmonização de
todas as áreas da vida e também com o exercício da fraternidade. Afinal, seres
humanos não são ilhas “Quando tratamos com pessoas,
lembremo-nos sempre que não estamos tratando com criaturas de lógica. Estamos
tratando com criaturas emotivas, suscetíveis às observações norteadas pelo
orgulho e pela vaidade” (Dale Carnegie) O mercado de trabalho
cada vez mais competitivo e a idolatria ao mundo das celebridades geram uma
corrida desesperada ao sucesso. Mas o que é sucesso? No dicionário, a palavra
remete a conceitos que certamente você já ouviu falar, como bom resultado,
êxito, triunfo, grande popularidade, poder. Atualmente especialistas voltados à
área empresarial e humana expandem esse conceito. Porque não adianta obter
vitória em uma ou duas áreas da vida para ser feliz. Não basta estar no melhor
cargo da empresa ou ter os melhores rendimentos. Sucesso também tem a ver com
ser admirado e querido pelos subordinados (ou colegas), desenvolver atitudes
generosas e altruístas consigo, com o próximo e o planeta, cuidar da saúde do
corpo, do espírito e da alma. O saldo da conta bancária deve ser tão positivo
quanto o da conta emocional, assim reforça o escritor e psiquiatra Augusto Cury
no livro ‘Mulheres Inteligentes, relacionamentos saudáveis’. Você já elogiou
alguém hoje? Com que frequência diz ‘eu te amo’?
Para
o administrador, terapeuta de casal e família, Jean Marc Muzzi Quitete, que é
pós-graduado em psicodrama e trabalha como trainer de Dale Carnegie Course, não
basta saber o que se quer para 2012, é preciso arriscar, permitir-se e, acima de
tudo, entregar os frutos da nova empreitada a Deus
Para o administrador,
terapeuta de casal e família, Jean Marc Muzzi Quitete, que é pós-graduado em
psicodrama e trabalha como trainer de Dale Carnegie Course, aos que pretendem
fazer um bom planejamento para 2012, o principal requisito é enfrentar os medos
e dar o primeiro passo, seja ele qual for. O maior desafio em geral está no medo
imobilizador. Não basta saber o que se quer, é preciso arriscar, permitir-se e,
acima de tudo, entregar os frutos da nova empreitada a Deus. “Se você está com
problemas, insatisfeito, sentindo-se infeliz, gaste algum tempo refletindo a
respeito, gaste outro tempo propondo soluções para o que foi identificado. E
encontrada a solução, aja em favor da sua realização. Não protele. Não adie”.
Jean acrescenta que o escritor e palestrante Dale Carnegie diz em um de seus
livros que ‘o grande mal da humanidade não é a ignorância, é a inércia’. Mas se
mexer é diferente de passar como um trator sobre os sonhos e anseios das outras
pessoas. A lei da selva não vale na hora de construir o sucesso. Embora a mídia
sensacionalista coloque em evidência pessoas de caráter e valores duvidosos, o
especialista garante que é impossível trilhar um caminho realmente bem-sucedido
sem um bom relacionamento com o mundo à volta. Jean explica que o homem é por
concepção divina um ser gregário. Nada se faz, nada se constrói e nada se
sustenta sem que apóie e seja apoiado pelo seu próximo. “Observemos as denúncias
postas contra homens que erguem seus patrimônios sacrificando a mãe natureza. A
sociedade já não tolera mais esse tipo de sucesso que destrói”. O caminho,
portanto, está exatamente na fraternidade que gera a consciência de cuidar do
planeta como extensão da própria casa. Naquela que proporciona um ambiente de
trabalho sadio na empresa, com uma jornada de trabalho que permita aos
funcionários conviverem com seus familiares e propiciando-lhes uma justa
remuneração. Na fraternidade que faz com que os melhores gestos e palavras
aconteçam primeiro com os que dividem a caminhada no lar. Uma das orientações no
momento de realizar mudanças é ficar atento aos sentimentos limitadores que são:
pessimismo, baixa autoestima e medo. “Todas as obras de autoajuda, bem como o
próprio cristianismo, convidam-nos a uma atitude plena de otimismo e coragem
diante da vida, tais atitudes são pilares da fé em si e em Deus. Se você
desenvolvê-las o céu será o limite”. A roda da
vida “O homem que é firme, paciente, simples, natural e
tranquilo está perto da virtude” (Confúcio) Você é bem-sucedido
no trabalho, mas vive o calvário na vida amorosa? Saiba que viver situações
extremas não combina com felicidade, tampouco com sucesso. Pelo menos é o que
explica a psicanalista clínica, terapeuta sistêmica familiar, terapeuta body
talk, coach e consultora em gestão de pessoas, Elen Lisboa, que prefere definir
essa conquista como ‘plenitude’. Ao atender um paciente, ela inicialmente foca
na análise das dez áreas essenciais que compõem a vida do ser humano, baseada no
livro ‘Manual do sucesso total’ – do coach executivo e pessoal Rhandy Di
Stéfano. Assim é possível descobrir quais áreas estão em déficit e precisam de
mais atenção. A partir de um processo de autoconhecimento, são construídas novas
metas e hábitos saudáveis, o que às vezes significa ‘começar do zero’ ou de
repente apenas fazer ‘ajustes’ em setores desprezados. “O sucesso é um perfeito
equilíbrio na roda da vida, não tem a ver apenas com o ‘desfrute’, ao contrário,
pesquisas apontam que as pessoas realmente felizes são aquelas que têm
resiliência para superar os desafios e se sentem muito satisfeitas pelas metas e
deveres cumpridos”.
Nascimento dos pais - A educadora e psicóloga Ana Elizabeth
Werneck, 34 anos, o advogado Ivan Deus Ribas, 32 anos, e a pequena Letícia, de 8
meses e meio, formam um trio para lá de especial. Casados há 12 anos, o casal
decidiu que a família deveria aumentar. “Agora somos três e tudo mudou para
melhor”. Ana começou 2012 vivenciando o conflito de conciliar a maternidade com
a vida profissional. Já Ivan, sempre em busca de mais formação profissional,
tendo em vista que quer ter sucesso na profissão que escolheu, conta que passou
por uma revolução a partir do nascimento da filha. “Espiritualmente entendemos
que a complexidade da vida se trata de uma oportunidade de praticar o amor, a
paciência, o respeito, a compaixão”. Adepto da meditação, o advogado sempre
valoriza o ‘aqui e agora’. Eles dão dicas, para harmonizar, nada melhor que
respirar o ar fresco da manhã, ouvir uma boa música, cantar, sorrir, namorar,
coisas simples que devolvem a tranquilidade, junto com alguém ou
individualmente. “Uma vida de sucesso engloba tudo que a vida nos dá. Tudo
depende do olhar que lançamos sobre as coisas e as situações. Viver um dia de
cada vez, sem se apegar ao passado ou ao futuro, afinal, em verdade, só existe o
presente”. Na vivência do casal, o diálogo, a cumplicidade e o respeito são
elementos essenciais para a felicidade. “Quando a Letícia dá uma gargalhada
nosso coração fica pleno, somos invadidos por uma energia de contentamento: isso
para nós é a felicidade”.
Elen pontua que como o homem nasce e vive em
família é incoerente tratar de alguém sem fazer o resgate da criança interior. O
grupo ou clã tem sua própria consciência e sistema de valores que são repassados
de pai para filho como herança, a exemplo de um Bluetooth. Faz-se o resgate da
figura do pai, da mãe e da criança ferida para que seja possível fazer a
integração da imagem interna dos pais, essa imagem deve ser no mínimo
sustentável e respeitável, pois só assim o adulto poderá levar uma vida
saudável. Juntas, as terapias de constelações familiares e body talk são de
grande utilidade para o processo de cura, já que resgatam condicionamentos e
pressões que o inconsciente exerce sobre a pessoa. Os problemas e limitações em
geral só refletem a ponta do iceberg, por isso, antes de iniciar o trabalho de
coach, é importante promover o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual
da pessoa, assim os resultados serão realmente eficazes e duradores.
Empresários conscientes O administrador e trainer de
Dale Carnegie Course, Jean Marc Muzzi Quitete, explica que, nas mais de 200
empresas que entrevistou no ano passado, percebeu que há empresários que ainda
não entenderam que seu crescimento, seja qual for sua área de atuação, está
diretamente vinculado ao investimento que fazem em sua equipe. Nestas
entrevistas percebeu ainda que há uma gama de empresários que investem em cursos
que proporcionam conhecimentos, o que é muito bom, mas apesar disso os
resultados não acontecem na razão direta do investimento. E há aqueles que, além
de investirem em conhecimentos, investem na formação de competências,
habilidades e mudanças de comportamento dos membros da sua equipe. Apenas isso
possibilita transformar conhecimentos em resultados. Não há outro caminho. “A
história está repleta de homens notáveis que apesar de semianalfabetos
construíram grandes empresas. O segredo? Bons hábitos. Atitudes. Pró-atividade.
Coragem”.
Conquista do equilíbrio - A jornalista e empresária Ana
Cristina Vieira, de 35 anos, acabou de ter um casamento de princesa com o músico
Ylen, de 32 anos. Ela é mãe da inteligente Maria Eduarda, de 12 anos. Virou
referência do Programa VIP e dos eventos mais badalados da capital
mato-grossense. Além disso, utilizou a experiência como assessora de imprensa e
advogada para engatar um negócio próprio. Linda e bem-sucedida, ela afirma que o
que torna a vida boa não são conquistas isoladas e sim o equilíbrio e a
qualidade de vida. Um dos segredos para chegar aonde está: fazer o que gosta.
Mas e se o mercado de trabalho está ruim? Ana parou de enxergar a metade vazia
do copo e resolveu apostar no lado racional. “Observo sempre as oportunidades,
também ajustei meus ponteiros para ganhar dinheiro. Jornalismo é para me trazer
uma vida boa. Trabalho voluntário eu faço lá nos bairros carentes”. Ser dona do
próprio negócio exige responsabilidade e gera encargos, mas, em contrapartida,
oferece tempo e qualidade de vida. “Nunca gostei daquele negócio de bater ponto,
busco sempre produtividade e isso não tem a ver com horário”. O segredo para dar
uma reviravolta na vida amorosa também surgiu das pedras nas quais tropeçou ao
longo do caminho. “Eu me tornei mais crítica para identificar o que quero de um
relacionamento. Outra coisa importante: passei a me tratar melhor. Quando me
conscientizei de que merecia alguém legal, aconteceu”. Além de se dedicar ao
jornalismo, à televisão, ao maridão, à filha e aos familiares e amigos, essa
moça ainda encontra tempo para ser voluntária em um projeto social. “Ser feliz é
poder levar 100 crianças ao zoológico, ao teatro, comprar pipoca e tornar a vida
delas mais colorida. Se feliz é transformar para melhor a vida de quem está
perto da gente”.
Ele contraria a ideia de que para se ter sucesso ou ser um
bom funcionário é preciso trabalhar 12, 14 ou 16 horas diariamente. “Há pessoas
que trabalham 8 horas e produzem o mesmo, o segrego é tornar a jornada
produtiva”. Quem consegue isso consegue chegar em casa e dedicar tempo para a
família, para os estudos, para os amigos. A grande questão é como se conseguir
isso. Mais uma vez, investindo em treinamentos que proporcionem estes
resultados, e gestão de tempo tem mais a ver com mudança de comportamento do que
com conhecimentos. “Na obra de Dale Carnegie nós observamos uma dica também
importante e que melhora o ambiente de trabalho e o familiar. Ao invés de
criticar elogie. A crítica coloca a pessoa na defensiva, é perigosa porque fere
o orgulho, gera ressentimentos. Agora todos os seres humanos são suscetíveis a
elogios sinceros, se você quer trazer o outro para o seu lado, portanto, aprecie
cada ponto que seja passível de elogio, sem cair na bajulação,
claro”. Sucesso x fracasso Dia e noite. Quente e frio.
Preto e branco. Céu e inferno. Certo e errado. Alegria e sofrimento. A dualidade
essencial da vida mostra que o sucesso sempre vem acompanhado de fracasso,
portanto, nas palavras de Osho, ‘você está exatamente onde deveria’. Todas as
experiências que passou e irá passar compõem a bela canção da sua existência,
aceitar com resignação e resiliência é um sinal de sabedoria. Para a psicóloga
Nilvânia Melhorança, que há 15 anos trabalha na linha bioenergética, e também
está à frente de um grupo de meditação, o ser humano hoje se encontra dividido e
não consegue ter uma visão holística de si mesmo e da vida, tem dificuldade em
se perceber como um ser mental, emocional, corporal e espiritual. O sofrimento
decorre desta falta de ‘integração’ consigo mesmo e com o todo. “No Ocidente o
plano material é mais valorizado, então falta vida contemplativa, vive-se como
robô, sem alma, de maneira padronizada, o que gera um vazio, um distanciamento
de si mesmo”. Se tudo na natureza tem uma lógica e um encaixe perfeito, por
que com o ser humano seria diferente? Nilvânia questiona a onda de autoajuda que
estimula as pessoas a se acharem ‘Deus’, no sentido de que assumir a obrigação
de criar o próprio destino, de atrair para si tudo que bem entender e de
preferência nos padrões sociais de sucesso. E se não atrair é porque fracassou.
Mas a pressão gera culpa, tristeza, pessimismo e até depressão. “Na verdade, nós
não sabemos ao certo o que gera os acontecimentos. Mesmo algo que enxergamos
como negativo pode ser uma experiência inevitável para o nosso crescimento,
somos seres essencialmente perfeitos, então, o mais adequado não é se arrebentar
correndo atrás das coisas, adoecer, machucar os outros e a si mesmo. Já parou
para pensar em qual o plano que a vida tem para você? De repente o ideal de
sucesso adotado pode afastá-lo de você mesmo e do que realmente é importante”.
A psicanalista clínica, terapeuta sistêmica familiar,
terapeuta body talk, coach e consultora em gestão de pessoas, Elen Lisboa,
prefere falar em ‘plenitude’, que não tem a ver apenas com o ‘desfrute’, ao
contrário, pesquisas apontam que as pessoas realmente felizes são aquelas que
têm resiliência para superar os desafios
Ajuda dos
‘astros’ Você começou 2012 se perguntando sobre quais serão os
acontecimentos que marcarão sua vida nos próximos meses. Não se conteve e deu
uma espiada nas previsões de numerólogos e astrólogos. Mas será que é apenas
isso? Com formação em astrologia psicológica há três anos, Maria Eunice de
Sousa, de 39 anos, que tem formação em jornalismo e também atua na área de
vendas, busca esclarecer que ‘não é o evento que acontece ao indivíduo, e sim o
indivíduo que acontece ao evento’. A dica, então, é preciso sair da condição
‘passiva’ diante dos fatos que poderão acontecer para a posição de
autoconsciência, entender quais projeções você costuma colocar no mundo e de que
maneira atrai parte dos acontecimentos. Na busca da mitologia e dos arquétipos
de cada signo, técnica baseada na teoria yunguiana, Eunice explica que é
possível encontrar o mito pessoal do indivíduo. O autoconhecimento produz
questionamentos sobre o que o ser humano fez para chegar aonde está e como lidar
com as energias contraditórias dentro dele. Os astros querem dizer sim
alguma coisa. Este ano é regido pela lua, que favorece o ‘feminino’, ligado à
nutrição, ao corpo, à família, à maternidade e ao lar. Por trazer energias mais
Yin, ajuda na reflexão, no recolhimento. Desde 2008 está havendo mudanças
extremas nos planetas, o que afeta o coletivo e o individual. A tendência é a
transformação na consciência humana, já que Plutão, que permanece de 12 a 30
anos em um mesmo signo (o anterior foi sagitário, com seus sistemas filosófico e
de crenças religiosas), mudou para capricórnio, abalando todas as estruturas
financeiras, de poder e leis. “Claro que isso irá afetar cada um de nós, não é
segredo que o sistema financeiro não presta, está podre, e terá de ser
reconstruído, devemos estar precavidos nesse momento”. Já Urano, que passou sete
anos em peixes, agora entrou em áries, e a energia se expandirá em razão da
energia ariana da revolução, rebeldia, vontade, progresso. “As pessoas de um
modo geral sentirão um apelo forte para mudança na própria vida e na sociedade,
tudo está propício”. Em Netuno, que estava em peixes, voltou para aquário, agora
retorna para peixes pelos próximos 14 anos o que aguçará a ânsia pela busca
espiritual. “É sempre bom prestar atenção à intuição, ao que o coração diz,
ficar atento aos sonhos, porque as tendências de mudanças exteriores também se
realização no individual, vivemos tempos extremos”.
Na opinião da psicóloga Nilvânia Melhorança, quando o ser
humano adota a postura de achar que é ‘Deus’ e que pode criar o próprio destino
passa a se sentir muito pressionado, culpado e triste. Nem sempre tudo sai como
planejado ou sonhado. “Já parou para pensar qual o plano que a vida tem para
você? De repente seu ideal de ‘sucesso’ está afastando você mesmo do seu
verdadeiro eu, da sua verdade essencial”
Construindo
pontes No livro ‘Seis maneiras de fazer as pessoas gostarem de
você’, em seis passos, Dale Carnegie resume o que acredita ser suficiente para
cultivar a personalidade agradável que Napoleon Hill identificou como sendo uma
das 16 leis do sucesso: torne-se verdadeiramente interessado na outra pessoa;
sorria; lembre que o nome de uma pessoa é para ela o som mais doce e importante
que existe em qualquer idioma; seja um bom ouvinte. Incentive as pessoas a
falarem sobre elas mesmas; fale de coisas que interessem à outra pessoa; faça a
outra pessoa sentir-se importante e faça-o com sinceridade. Para o autor, o
desejo de se sentir importante está na base da pirâmide das nossas necessidades.
Então se você quer agradar ao próximo, deve fazê-lo se sentir importante a
partir de fala, gestos e atitudes. Perceba, por exemplo, quando uma pessoa se vê
em uma foto com um grupo de outras pessoas. O foco dela está primeiramente
sempre nela mesma. Muitas vezes os outros nem são vistos. Outra obra
interessante para aprender um pouco sobre liderança é ‘O Monge e o Executivo’,
de James C. Hunter, que trabalha a ideia de que o líder mais eficaz é o líder
servidor. Como desenvolver tal atitude? Comece com um elogio ou uma apreciação
sincera; chame a atenção para os erros das pessoas de maneira indireta; fale
sobre os seus erros antes de criticar os das outras pessoas; faça perguntas ao
invés de dar ordens diretas. Permita que a pessoa salve o seu próprio prestígio;
Elogie o menor progresso e elogie todo o progresso. Seja sincero. Proporcione à
outra pessoa uma boa reputação para ela zelar. Perceba como esse tipo de
comportamento é muito diferente do observado por chefes carrascos que estão
sempre cobrando resultados sem se importar com o lado humano de seus
subordinados. O mesmo vale para pais durões ou maridos machistas. “O dinheiro é
apontado como problema porque é tangível, concreto, mas a raiz das separações
conjugais, por exemplo, está em problemas de relacionamento. Os relacionamentos
são fundamentais para a vida do ser humano”.
Você ainda está aprisionado na caverna?
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Escrito por Rose Domingues |
Qua, 25 de Janeiro de 2012 20:48 |
A caverna é um lugar onde não entra a luz do sol, onde não
há inteligência, somente opiniões. As pessoas não são capazes de pensar por
conta própria, somente são capazes de emitir opiniões formuladas a partir de
leituras, de crenças, de imposições sociais. A caverna de Platão – descrita na
obra ‘A República’ - é um lugar onde as pessoas são prisioneiras de suas
próprias paixões e, por isso, podem ser manipuladas pelos formadores de
opiniões. Porque sempre haverá aqueles que prometem satisfazer os interesses de
cada um. É um lugar onde todos estão acorrentados porque não podem se libertar
dos formadores de opiniões, considerados por Platão como ‘Amos da Caverna’. Você
conseguiu enxergar alguma semelhança dessa situação com a sua vida cotidiana?
Para o presidente nacional da escola de filosofia à maneira clássica, Nova
Acrópole, Luis Carlos Marques Fonseca, 60 anos, um engenheiro de
Telecomunicações aposentado e que há 28 anos estuda e pratica filosofia, é
possível sair da condição humana de ‘escuridão’, onde impera a dúvida, o medo, a
angústia, o estresse, o egoísmo e a violência para a ‘luz’ da sabedoria.
Recorrer aos grandes pensadores e às grandes civilizações ajuda. “Quando
necessitamos fazer algo complexo, como, por exemplo, um prédio, uma cirurgia,
recorremos a pessoas experientes. Mas não fazemos isso para aprender sobre como
viver melhor, que é o empreendimento mais complexo e importante que toca a cada
um”. Única – O que o ser
humano precisa para ser feliz e harmonioso? Luis Carlos -
Não creio em fórmulas mágicas que possam tornar todo homem feliz. Vários fatores
na vida de uma pessoa devem ser combinados de forma harmônica para que ela tenha
um grau de felicidade. A saúde física, a condição econômica que garanta os
recursos indispensáveis para a sobrevivência, a plena expressão da vida afetiva,
a compreensão racional, a visão de futuro e a capacidade de sonhar e realizar
seus sonhos são alguns desses fatores. A harmonização desses fatores não é
simples; por isso recomendamos a filosofia como ferramenta que nos possibilita
usar a experiência dos grandes homens para lograr o grau de felicidade a que
toda pessoa tem direito. Única – Como utilizar filosofia como
ferramenta para ser feliz? Em geral, a ideia que se faz da filosofia é que seja
algo intelectualizado e pouco prático.
“O
melhor do homem, quando se revela, torna-se o motor do desenvolvimento da
humanidade. Assim como uma flor que, quando desperta, ou seja, se abre, o que
possui de melhor se torna aparente, embelezando o mundo”
Luis
Carlos – A escola Nova Acrópole oferece cursos de filosofia à maneira
clássica, que é o estudo daquelas ideias que foram essenciais no desenvolvimento
das grandes civilizações. Mas, em Nova Acrópole, propomos mais que a compreensão
intelectual dessas ideias, buscamos a adaptação e vivência delas no momento
atual, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de um mundo novo e
melhor. Por isso, ao dizer ‘despertar da humanidade’, queremos dizer que o
melhor do homem, quando se revela, torna-se o motor do desenvolvimento da
humanidade. Assim como uma flor que, quando desperta, ou seja, se abre, o que
possui de melhor se torna aparente, embelezando o mundo. Única – Uma das vantagens de estudar
as grandes civilizações e seus pensadores é desenvolver ‘ideias claras’, o que
vem a ser isso? Luis Carlos - Se as nossas concepções sobre
a vida e tudo que decorre dela não estão claras, tudo que fizermos terá a marca
dessas deformações mentais. Toda criação, todo projeto, toda direção a seguir,
nasce primeiro no plano das ideias, que é considerado como o Plano das Causas.
Se as ideias não são claras, pagamos um alto preço no psicológico, no social e
até no físico, porque podemos perder até mesmo a saúde. Os maiores problemas que
temos decorrem de nossa má compreensão sobre a vida. Única – Em ‘A República’, Platão traz
a história ‘mito da caverna’, de que maneira trazer esse conhecimento simbólico
para a realidade cotidiana? Luis Carlos - A caverna é um
lugar onde não entra a luz do sol, onde não há inteligência, somente opiniões.
As pessoas não são capazes de pensar por conta própria, somente são capazes de
emitir opiniões formuladas através de leituras, de crenças, de imposições
sociais, etc. A caverna de Platão é um lugar onde as pessoas são prisioneiras de
suas próprias paixões e, por isso, podem ser manipuladas pelos formadores de
opiniões. Porque sempre haverá aqueles que prometem satisfazer os interesses de
cada um. É um lugar onde todos estão acorrentados porque não podem se libertar
dos formadores de opiniões, considerados por Platão como “Amos da
Caverna”. Única – É possível
considerar que a maioria das pessoas da atual civilização humana vive ‘na
caverna’? Como sair dessa condição?
“Se as nossas concepções sobre a vida e tudo que decorre
dela não estão claras, tudo que fizermos terá a marca dessas deformações
mentais. Toda criação, todo projeto, toda direção a seguir, nasce primeiro no
plano das ideias”
Luis Carlos - Da forma como considera
Platão, a maioria dos homens vivem na caverna porque são dominados pelos
interesses pessoais, pelo egoísmo, pela dúvida, pelo orgulho, pela vaidade ou
pelo medo. São escravos das próprias paixões. Para sair da caverna é preciso
desenvolver as virtudes próprias do homem, aquelas que o libertam das paixões,
do condicionamento instintivo, próprio dos animais, e o projetam para dimensões
de consciência mais elevadas, mais próximas dos seres divinos. São exemplos
dessas virtudes: a justiça, a generosidade, a bondade, a pureza e a
beleza. Única – O que os
grandes pensadores e civilizações podem trazer de bom? Luis
Carlos - Quando necessitamos fazer algo complexo, como, por exemplo, um
prédio, uma cirurgia, recorremos a pessoas experientes. Pessoas que estudaram em
uma universidade, onde o conhecimento do passado está sintetizado e é
transmitido de forma teórica, em sala de aulas, e prática, através de
laboratórios, estágios, residências, etc. Mas não fazemos isso para aprender
sobre como viver melhor, que é o empreendimento mais complexo e importante que
toca a cada um. Essa é a proposta da filosofia à maneira clássica. Única – Fala-se que a humanidade vive
novamente uma ‘Idade Média’. Mas a história é cíclica e, portanto, se está num
período de decadência, é provável que se faça o caminho de volta, transformando
o caos em uma grande civilização no futuro. Qual a sua avaliação a
respeito? Luis Carlos - Entendemos por Idade Média um
período histórico onde há muitas indefinições, onde se vê claramente o
fechamento de um ciclo e o início de outro. Ou seja, idade intermediária, entre
dois períodos. Como ocorre agora, onde, politicamente, nem o capitalismo nem o
comunismo ou outra forma política qualquer são vistos como alternativas válidas
para o futuro; não se acredita mais nas grandes religiões, devido ao
envolvimento político e interesse econômico de seus líderes; a arte é disforme e
complexa; a ciência está a serviço das grandes empresas que só visam lucro; a
natureza mostra que a nossa forma de desenvolvimento é ecologicamente
insustentável. Sob todos os pontos de vista, constata-se uma forçosa necessidade
de mudança de direção. Por isso, este pode ser considerado um momento de
indefinições, um momento intermediário, entre um período que morre e outro que
deverá nascer. Se o próximo período será melhor ou pior, dependerá do trabalho
que fazemos agora. Única – O
que é preciso para construir uma sociedade melhor e mais
fraterna? Luis Carlos - Conforme ensinou o professor Jorge
Angel Livraga, fundador de Nova Acrópole, “Para fazer um muro de pedras,
necessitamos de pedras”; para termos uma sociedade melhor e mais fraterna, vamos
necessitar de indivíduos melhores e mais fraternos. Não há fórmula mágica. A
única forma de melhorar uma sociedade é melhorando as pessoas que a compõem. Por
isso, em Nova Acrópole, trabalhamos o indivíduo. Única – Como desenvolver virtudes?
Por que desenvolver virtudes?
“Temos de considerar que, se temos algo que pode ser
perdido, é porque esse algo na realidade não nos pertence. É por isso que Buda e
todos os grandes sábios ensinam aos homens a buscarem dentro de si aquilo que
não pode ser perdido nem com a morte”
Luis Carlos - Os
músculos são “virtudes” do nosso corpo físico. Quando fortalecemos os músculos,
temos mais força e protegemos melhor nossos órgãos. Os músculos se desenvolvem
ao usá-los. O mesmo ocorre com as virtudes da alma (a generosidade, a bondade, a
justiça, o senso de beleza, etc.), que se desenvolvem quando são
praticadas. Única – Buda se
aprofundou em questões referentes ao sofrimento. Como acabar com ele e ser
verdadeiramente feliz? Luis Carlos - A felicidade hoje está
muito associada ao desejo de conseguir fora de si um estado ideal, que se perdeu
dentro. Busca-se a felicidade na riqueza, no conforto, na realização
profissional, na saúde própria ou dos familiares, no lazer, nas drogas de todos
os tipos. Quando falta algo considerado essencial, porque não foi conquistado ou
porque se perdeu, a pessoa se sente infeliz. Temos de considerar que, se temos
algo que pode ser perdido, é porque esse algo na realidade não nos pertence. É
por isso que Buda e todos os grandes sábios ensinam aos homens a buscarem dentro
de si aquilo que não pode ser perdido nem com a morte. Ensinam-nos a buscar
aquilo que está em nós, que é eterno e fonte de felicidade duradoura. Única – Hoje se fala muito que as
crianças e os jovens são ‘impossíveis’ e alheios a tudo. A falha está aonde? Há
roteiros importantes na civilização egípcia e também na grega de como educar as
crianças, ‘extrair o melhor delas’. Como resgatar isso? Luis
Carlos - Creio que a primeira coisa que temos de fazer é resgatar o
papel importante da educação. A maioria das escolas atualmente se dedica a
instruir seus alunos e não a educá-los. Ensinam a escrever, a calcular, a
construir prédios, curar pessoas, mas não educam no sentido de tornar os alunos
melhores como seres humanos, torná-los mais generosos, puros, justos e
estéticos. As escolas, quando muito, dão aos alunos capacidade profissional,
capacidade produtiva, mas não se preocupam em torná-los pessoas justas e
honestas. A instrução dá mais poder à pessoa, mas não a torna melhor. Pelo
contrário, a pessoa instruída, se for má, terá mais capacidade de fazer o mal do
que uma pessoa má que não tem instrução. Por isso, vamos encontrar, na Grécia e
em outras culturas, a preocupação maior em educar, formar e não meramente em
instruir, informar. Única –
Mudar os métodos da educação seria o suficiente para promover a mudança no
padrão de comportamento dos jovens?
“A instrução dá mais poder à pessoa, mas não a torna
melhor. Pelo contrário, a pessoa instruída, se for má, terá mais capacidade de
fazer o mal do que uma pessoa má que não tem instrução. Por isso, vamos
encontrar, na Grécia e em outras culturas, a preocupação maior em educar, formar
e não meramente em instruir, informar”
Luis Carlos – Não!
Enquanto a sociedade estiver sendo movida apenas por valores sociais e
econômicos dificilmente os pais e educadores poderão transmitir valores humanos
aos alunos e filhos. Primeiro teríamos de conseguir mudar os valores daquelas
pessoas responsáveis pela educação. Chamo aqui de valores aquelas motivações
próprias dos seres humanos: a busca pelo belo, pelo bom e pelo justo. Única – Um dos princípios da Nova
Acrópole é a fraternidade, fale um pouco a respeito de como desenvolvê-la no dia
a dia. Luis Carlos - A fraternidade entre todos os seres
humanos somente é possível se formos capazes de superar as diferenças de crença,
cor, raça, condição social, sexo. Essas diferenças sempre existirão e serão
fatores de conflitos sociais enquanto os indivíduos tiverem uma visão muito
superficial da vida. Se conseguirmos um sistema de educação que ensine o homem a
ver a si mesmo de forma mais profunda e transcendente, ele poderá também ver
seus irmãos desta forma. Então, haverá uma unidade de almas, independentemente
dessas diferenças. A Nova Acrópole, a partir dos seus três princípios, espera
contribuir para que a sociedade atual atinja essa união plena. Resumidamente,
esses princípios são: “formar um núcleo de fraternidade universal”, “fomentar o
estudo comparativo de todas as tradições” e “despertar o que há de melhor em
cada ser humano”. |
ENTREVISTA PARA A
REVISTA ÚNICA - EDIÇÃO DE JANEIRO/2012 http://www.revistaunicaonline.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=153:empatia-o-primeiro-degrau-para-o-exito&catid=43:destaques-da-31o-edicao&Itemid=10 |
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"Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto."Rubem Alves