O corpo e a espiritualidade

O corpo e a espiritualidade segundo Jean Yves Leloup


Seu corpo imprime sua historia



Mais eficiente que a memória do computador, seu corpo registra tudo que aconteceu com você desde a infância até agora. O psicólogo e teólogo francês Jean-Yves Leloup relaciona símbolos arcaicos com várias partes do corpo e esclarece as causas físicas, emocionais e espirituais das boas sensações e de algumas doenças.


Uma página branca. É assim o corpo novinho em folha do recém-nascido. Desde o instante do nascimento e a cada fase da vida, a pele, os músculos, os ossos e os gestos registram dados muito precisos que contam nossa história. “O homem é seu próprio livro de estudo, basta ir virando as páginas para encontrar o autor”, diz Jean-Yves Leloup, teólogo, filósofo e terapeuta francês.





É possível escutar o corpo e conhecer sua linguagem, que muitas vezes se expressa por sensações prazerosas, por bloqueios ou pela dor, que nada mais é do que um grito para pedir atenção. “O corpo não mente. As doenças ou o prazer que animam algumas de suas partes têm significados profundos”, revela Leloup no livro O Corpo e Seus Símbolos (ed. Vozes).

Ele nos convida a responder algumas questões sobre pés, tornozelos, ventre, genitais, coração, pulmões e muitas outras partes. Elas podem ser nosso guia em uma viagem de autoconhecimento que toca em aspectos físicos, emocionais e espirituais: “Primeiro, podemos notar qual é nosso ponto fraco, o lugar de nosso corpo em que vêm se alojar, regularmente, a doença e o sofrimento. Há a escuta psicológica pela qual podemos prestar atenção no medo ou na atração que vivemos em relação a algumas partes do corpo. E há ainda a escuta espiritual. O espírito está presente em nosso corpo, e certas doenças e algumas crises são manifestações do espírito, que quer trilhar um caminho, que quer crescer, que quer desenvolver-se em membros que lhe resistem”, diz ele. E continua: “Algumas depressões estão ligadas a fatores emocionais, a um rompimento, uma perda, uma falência. Mas há também depressões iniciáticas, em que a vida nos ensina, por meio de uma queda, um acidente, que devemos mudar nosso modo de viver”.


Descubra a seguir quais são os símbolos associados por Jean-Yves Leloup a cada parte do corpo e responda às questões, que facilitam a reflexão e o reconhecimento do que está impresso em você. Boa viagem!



Pés, as nossas raízes


“Será que experimentamos prazer em estar sobre a terra? Podemos imaginar o corpo como um árvore. Se a seiva está viva em nós, ela desce às raízes e sobe até os mais altos galhos. É de nosso enraizamento na matéria que depende nossa subida à luz. É da saúde de nossos pés que vem o enraizamento”, explica Leloup, no livro o Corpo e Seus Símbolos, que serviu de base para esta reportagem.


Ele lembra que em diferentes práticas de ioga há a purificação dos pés, que são mergulhados na água salgada. “Pelos pés podem escorrer nossas fadigas e tensões.”



“A palavra pé, podos, em grego, relaciona-se à palavra paidos, que quer dizer criança. Cuidar dos pés de alguém é cuidar da criança que o habita. Perguntei a um sábio: ‘O que posso fazer para ajudar alguém?’ Ele respondeu: ‘Lembre-se de que essa pessoa foi uma criança, que ainda é uma criança. E que tem dor nos pés.’”


Preste atenção: verifique se seus pés são seu ponto fraco. Como você se apóia sobre eles? Em seguida, toque-os, sentindo ossos, músculos e partes mais ou menos sensíveis. Quais são suas raízes familiares? Quais as expectativas de seus pais em relação a você? Qual seu sentimento em relação a filhos?





Tornozelos, a possibilidade de ir em frente


Termômetro da rigidez ou da flexibilidade com que levamos a vida, os tornozelos têm relação direta com o momento do nascimento. “Por que esse é também um momento de articulação entre a vida dentro e fora do útero. Alguns de nós conheceram dificuldades e viveram até traumas nesse elo que une a vida fetal com o mundo exterior. O corpo guardou essa memória e a expressa na fragilidade dos tornozelos”, diz o filósofo.


Segundo Leloup, os tornozelos simbolizam também o refinamento da vida, as relações íntimas e a articulação do material com o espiritual. As pessoas em que o tornozelo é o ponto fraco têm dificuldade de avançar nos vários aspectos da vida. Dar um passo a mais é ir além de nossos limites e também saber aceitar o que se é, seja isso agradável ou não. “Essa é a condição para ir mais longe”, finaliza ele.

Preste atenção: você costuma ter dor nos tornozelos? Essa região é rígida ou flexível? Sofreu entorses? Em que momentos de sua vida eles ocorreram? É difícil avançar em direção ao que você quer? Qual é o passo que você precisa dar e o passo ao qual resiste?



Joelhos, o apoio para dar e receber colo


A flexibilidade é uma das qualidades importantes para que os joelhos sejam saudáveis. “Quando eles são rígidos, é provável que surjam problemas na coluna vertebral e nos rins”, lembra Leloup, que nos revela o significado mais profundo dessa parte do corpo. “Em algumas línguas, estranhamente há uma ligação entre a palavra filho e a palavra joelho. Em francês, por exemplo, genou, joelho, tem a mesma raiz da palavra générer, gerar. Em hebraico, joelho é berekh, e também bar e bèn, que significa filho. (...) Assim, ser filho, ser filha é estar no colo, envolvido por esse gesto, que é o elo entre os joelhos e o peito. (...) Temos necessidade de dar e receber essa confirmação afetiva. E manter alguém no colo, sobre os joelhos serve para manter o coração aberto”, finaliza.


Preste atenção: observe como são seus joelhos. Eles são flexíveis, rígidos, doloridos? É bom tocá-los ou não? Quem o pegou no colo quando você era criança? Esse gesto de intimidade é familiar para você? Qual a sensação? E você, para quem dá colo (seja fisicamente, seja como símbolo de acolhimento)?





Genitais, a energia de vida


Nesse extenso capítulo do livro O Corpo e Seus Símbolos, o teólogo Jean-Yves Leloup fala dos tipos de amor e prazer, dos traumas e das sensações vividos na infância que marcam para sempre nossa sexualidade. Ele ressalta que o encontro de dois corpos pode ser mais que físico. “A representação mais primitiva de Deus foi encontrada na Índia e são o lingan e a ioni, o símbolo fálico masculino e o genital feminino. Assim a representação do sexo foi a primeira feita pelo homem para evocar Deus – porque o sexo é onde se transmite a vida. Dessa maneira, passa a ser o local da aliança, algo de muito sagrado”, considera Jean-Yves Leloup. “Portanto, a sexualidade não é somente libido. Essa libido pode tornar-se paixão, passar através do coração e transformar-se em compaixão. É sempre a mesma energia vital, que muda e se transforma de acordo com o nível de consciência no qual nos encontramos.”


Preste atenção: quais são suas dores ou doenças relacionadas aos órgãos genitais? Você sofre desses males? Qual a sensação diante dos seus genitais (vergonha, repulsa, prazer)? Qual sua postura em relação à sexualidade (à sua própria e ao sexo no contexto cultural)?





Ventre, o centro processador de emoções


Estômago, intestinos, fígado, vesícula biliar, baço, pâncreas, rins são os órgãos vitais abrigados em nosso ventre. Eles são responsáveis pela transformação do alimento em energia, pela absorção de nutrientes e pela eliminação de toxinas.


Emoções como raiva, medo, prazer e alegria acertam em cheio essa região e também precisam ser digeridas. Leloup aponta que “o perdão tem uma virtude curativa porque podemos tomar toda espécie de medicamento, sermos acompanhados psicologicamente, mas há, por vezes, rancores que atulham nosso ventre, nosso estômago, nosso fígado”. Ele destaca que todas as partes do corpo lembram a importância de respeitar o tempo de digestão e assimilação de tudo que nos acontece de ruim e também de bom.


Preste atenção: como é sua digestão? Quando você tem uma forte emoção, sente frio na barriga ou alguma reação na região? Quais foram os fatos difíceis de ser digeridos em sua vida? O que há por perdoar?






Coração e pulmões, o pulso vital



Esses dois órgãos estão intimamente ligados a nossa respiração. “O coração é um dos símbolos do centro vital, ele é o centro da relação. (...) E é importante observar como nossa vida afetiva influencia nossa respiração. (...) Às vezes, nos sentimos sufocar porque não correspondemos à imagem que os outros têm de nós, e isso também impede que o coração bata tranqüilamente. Para alguns, querer ser normal a qualquer preço, querer agir como todo mundo, pode ser fonte de doenças”, assinala o psicólogo Jean-Yves Leloup.



Agir de acordo com suas vontades mais genuinas e aceitar o que se é, mesmo que isso não combine com o grupo, pode ser uma das formas de se libertar e sair do sufoco.

Preste atenção: você já teve períodos prolongados de angústia ou tristeza? O que liberta sua respiração e o que o sufoca? Você se preocupa muito com a imagem que as pessoas têm de você? Já parou para ouvir as batidas de seu coração e o das pessoas a quem você ama? O que deixou seu coração partido? O que o fez bater feliz?





A Harpa de Dez Cordas




Segundo um conhecimento ancestral, o ser humano é uma harpa com dez cordas, cada uma delas representando um nível do corpo. E elas precisam estar em afinação não só para que o indivíduo alcance equilíbrio físico, mental e espiritual mas também para que duas pessoas experimentem a comunhão em seu estágio mais elevado: o sagrado. O psicólogo e teólogo francês Jean-Yves Leloup reafirma essa teoria e explica como alcançar a comunhão nas diversas linguagens do corpo.


Segundo Leloup, os antigos falavam de um corpo plural, referindo-se a ele como uma harpa com dez cordas. Nessa visão, cada corda representa um nível corporal. "Para que haja harmonia, precisamos ajustar a tensão em cada corda", frisa o teólogo. "Se estiverem muito tensas, o som será demasiadamente agudo. Se estiverem frouxas, não haverá som." Para o especialista, a relação que temos com nosso corpo determina a relação que estabelecemos com o corpo do outro. E cada um dos dez corpos interage de forma distinta com os corpos dos parceiros. Veja como cada uma das cordas da harpa traduz um aspecto do corpo humano, segundo Jean-Yves Leloup.


1 - CORPO DE MEMÓRIA: é aquele moldado pelas características genéticas, herdadas não apenas dos pais e da família mas também de antepassados, e condicionadas às raízes raciais e culturais. "Esse corpo é habitado por todas as memórias passadas de geração em geração", explica Leloup. "Algumas pessoas sentem falta desse corpo, pois desconhecem suas raízes. Para outras, essa memória é excessiva, uma herança pesada demais que carregam vida afora. Por isso, é fundamental avaliar como nos relacionamos com as memórias que nos habitam. Pois, quando encontra outro, nosso corpo se depara com a linhagem presente nele. E, por vezes, essas duas linhagens sentem dificuldade em se entender e se entrosar pelo excesso do peso do passado."


2 - CORPO DO APETITE: para o padre Leloup, somos feitos do que comemos. "Nosso melhor médico é o que está no prato", diz. Mas às vezes, segundo ele, nos falta o apetite - não apenas pelo alimento mas pela própria vida. "Dessa falta de gosto é que surge o desgosto pelo mundo, pela matéria, trazendo como conseqüência algumas patologias, por exemplo, a anorexia e a bulimia", afirma Leloup. Para ele, a comunhão entre as duas pessoas se estabelece igualmente por meio dos corpos de apetite, o compartilhar do alimento e do prazer em viver. "Às vezes, nossos apetites não combinam, não temos os mesmos gostos, e isso é uma fonte de sofrimento. Mas, quando há um acordo entre nossos apetites pelo alimento e pela vida, se estabelecem os momentos sagrados de comunhão", explica.



3 - CORPO DO DESEJO: esse nível, de acordo com Leloup, guarda a mais pura essência do ser. "Para a realização pessoal, temos que viver de forma coerente com nossos desejos, e não com os de nossos pais ou sociedade. A maior busca do ser humano é saber o que deseja realmente: todo o trabalho da psicanálise está em sintonizar o ser humano com sua essência mais verdadeira", frisa o teólogo. Para que haja a verdadeira comunhão entre duas pessoas, os corpos de desejo têm que se harmonizar. "Há que se ouvir o desejo do outro. Podemos alimentar um leão com as verduras mais frescas ou um coelho com deliciosas carnes, mas no fim ambos morrerão de fome. Podemos dar a outra pessoa o que é para nós o mais precioso, mas ela não recebe nada e morre de inanição. Porque seu desejo, sua verdadeira natureza, não tem a ver com o que damos a ela", diz Leloup


4 - CORPO DE PULSÃO: esse nível abarca a libido, vista não apenas como o instinto sexual mas como a energia ativa e criadora que move o ser humano. "Alguns sentem falta dessa energia, enquanto outros a têm em excesso e se deixam levar por impulsos", diz Leloup. O desafio é usar de forma positiva essa força instintiva, primordial, que habita cada um de nós. "No relacionamento, precisamos estar sempre atentos a nosso corpo de pulsão e também ao do parceiro. Quando essas energias entram em acordo, há um encontro sagrado", define.


5 - CORPO EMOCIONAL: há um nível conformado pelas emoções. "Elas dão cor à existência. E nosso corpo encontra em outro corpo também uma gama de emoções. É importante poder rir ou mesmo chorar juntos e experimentar a união em nível emocional", ressalta o teólogo francês. "Às vezes, podemos ser muito inteligentes, porém incapazes de comunicar nossas emoções", continua. Segundo Leloup, em uma empresa, família ou comunidade, às vezes são os corpos emocionais que não estão em acordo, comprometendo a troca e a expressão.



6 - CORPO DO PENSAMENTO: segundo Jean-Yves Leloup, memórias de todas as nossasvivências e experiências habitam o corpo e essa carga, quando excessiva, impede a expressão mais espontânea e transparente do ser. "Muitas vezes, nosso corpo fica extremamente pesado sob todas as falas e pensamentos não expressos", ressalta o especialista. É preciso prestar atenção e saber até que ponto o que fica por dizer pode atrapalhar a comunhão entre dois seres. E também não há por que temer manifestar as diferenças de opinião. "Pensamos de maneira diferente para que possamos crescer", salienta Leloup.



7 - CORPO DO CORAÇÃO: às vezes, a principal dificuldade nos relacionamentos reside na dificuldade de expressão no nível desse corpo. "A pessoa gostaria de amar, mas sente como se essa energia, essa presença, a tivesse abandonado. E isso pode ser a causa de um imenso sofrimento. Então, enxerga o mundo, aos outros ou a si mesma de um modo seco, frio, sem coração", explica Jean-Yves Leloup. Abrir o coração ao outro é uma forma de suprema entrega, segundo o padre. E essa experiência pode até mesmo transcender o encontro entre dois seres. "São Francisco de Assis expressou em seu corpo de coração a compaixão por toda a humanidade", diz o teólogo.



8 - CORPO DOS SONHOS: é aquele que nos visita a cada noite, segundo o especialista. "É importante conhecer nossos sonhos, pois eles revelam em nós a presença de arquétipos, as imagens do inconsciente comuns a toda a humanidade. Por isso, devemos nos perguntar quais são essas grandes imagens que moram dentro de nós, pois elas podem dirigir e iluminar nossa vida. Novamente, trata-se de trazer harmonia para essa corda da harpa. Quando meu corpo encontra outro corpo, fundem-se esses universos de imagens. É importante conhecer que sonhos habitam o outro, que arquétipos o animam, para que haja o encontro sagrado."


9 - CORPO DE LOUVOR: nesse espaço dentro de nós, celebramos a alegria em seu nível mais profundo, que é a simples satisfação por estar vivo. Quaisquer que sejam as dores que possamos estar experimentando, há de existir essa fagulha que nos anima. "Quando encontramos outro corpo, é importante poder comungar nessa celebração da vida. Que pode ser compartilhar uma boa refeição ou talvez rezar juntos, aproximados nesse corpo de louvor", afirma Leloup.



10 - CORPO DE SILÊNCIO: em cada um de nós, há um campo feito de puro silêncio que é às vezes justamente algo que nos falta. "Somos preenchidos por ruídos, pensamentos, memórias, emoções", explica Leloup. "Não se pode esquecer da presença do ser silencioso que habita nosso corpo. E há algo de muito belo quando nosso corpo encontra o corpo de silêncio do outro. Simplesmente estar calado ao lado de alguém. Não se trata do silêncio negativo, quando faltam as palavras ou há algo que não é dito. Mas o silêncio que representa um abraço de união, compartilhamento, paz", finaliza


Texto: Wilston F. D. Weigl





Dores na Coluna Vertebral e Metafisica I


COLUNA VERTEBRAL: O que ela diz em suas dores?



Quase todos nós conhecemos as dores e os desconfortos da coluna vertebral. O que poucos de nós sabemos são quais os aspectos emocionais se expressam ou se escondem nestes sintomas. Afinal, quais são as prováveis relações emocionais que acometem a coluna vertebral?

A coluna vertebral relaciona-se com a estrutura da personalidade. É por assim dizer o eixo central do ego, que é a parte da personalidade que faz contato com o mundo externo. Problemas de coluna indicam desequilíbrios ou dificuldades na formação da personalidade ou conflitos no relacionamento com as pessoas ou com o mundo que nos cerca.


A coluna trás em suas partes, determinados aspectos prováveis de relação mente e corpo relacionados a cada região. A região cervical relaciona-se à flexibilidade e amplitude de perspectivas. As duas primeiras vértebras relacionam-se mais com as dificuldades que temos na formação dos nossos conceitos e as duas últimas, a ressentimentos, e da mesma forma as primeiras torácicas.

Na altura da sétima cervical, em muitas pessoas ocorrem materializações relacionadas a ressentimentos, situações emocionais do passado mal resolvidas evidenciando saliências nesta área corpórea. Pessoas inflexíveis e de padrão de comportamento rígido tendem a calcificações na região cervical. A retificação da lordose anatômica cervical relaciona-se ao excesso de exigência sobre si mesmo e perfeccionismo. A hiperlordose cervical relaciona-se ao medo, sobretudo sustos na infância, tristeza e dificuldade de acreditar na própria felicidade. Algumas exceções acontecem em pessoas que querem ocultar o medo e “levantam o nariz”, como popularmente é referido para descrever a postura de arrogância. A escoliose cervical muitas vezes relaciona-se a uma tristeza do passado que “murcha” a pessoa, “caindo” a cabeça para um dos lados. As patologias da região cervical estão mais relacionadas à inflexibilidade e à tentativa de controlar tudo, ou de racionalizar tudo; no entanto, às vezes elas são conseqüentes a conflitos que relacionam-se a outras áreas, sobretudo da coluna dorsal.

A região dorsal ou torácica relaciona-se à postura diante da vida, especialmente diante do emocional. Problemas na região dorsal indicam dificuldade de posicionamento, sobretudo diante das emoções. As calcificações na dorsal estão relacionadas a tristezas profundas. Os casos de hipercifose ( acentuação da cifose) evidenciam um esconder-se do mundo, um encolher-se diante dos fatos que não sabemos como administrar. Já os casos de retificação (perda da curvatura anatômica) relacionam-se a um excesso de exigência sobre si mesmo.


A escoliose (curvatura lateral) da região dorsal em muitos casos relaciona-se ao “encurvar-se” diante de fatos que “não sei como”, ou “não posso mudar”, ou “sou forçado a aceitar”. É muito comum acontecer na adolescência, porque o jovem não sabe como se portar. Não é mais criança, nem adulto. Para algumas coisas, os pais e a sociedade o tratam como adulto; para outras, como criança, e isso gera uma confusão muito difícil de esclarecer. As pessoas “retas”, retificadas nesta região, sofrem muito com a necessidade de ostentar o não são.


Já os hipercifóticos em geral são tristes e assumiram que a vida é triste mesmo, e nada se pode fazer para mudar. As patologias da região dorsal, em geral, relacionam-se à tristeza, por a pessoa não viver as emoções de forma equilibrada, especialmente nos casos de hipercifose. Os casos de retificação relacionam-se mais ao perfeccionismo. Ocorrem em geral nas pessoas que foram muito cobradas e que acabaram se cobrando muito, especialmente a perfeição.

A região lombar está relacionada ao “ter” na vida. Problemas na lombar relacionam-se em geral a perdas, ou medo de perdas, ou de não conquistar, tanto no aspecto material, quanto emocional. A hiperlordose lombar, muitas vezes relaciona-se aos aspectos acima referidos, e em alguns casos relaciona-se à repressão sexual. É uma tentativa de “esconder” o sexo, que acontece sobretudo nas mulheres. A famosa “bundinha arrebitada” em muitos casos esconde uma repressão sexual e uma necessidade de ser dominada, ou ainda uma supervalorização da estética diante das emoções.

A retificação lombar também pode ocorrer pelos motivos citados acima, e pelo perfeccionismo. Já a escoliose lombar pode relacionar-se à rejeição intra-uterina, por patologia congênita óssea, o que às vezes também acontece na sétima cervical. Algumas pessoas que sofreram rejeição, especialmente de sexo, apresentam estas patologias congênitas nesta região. As patologias da região lombar geralmente relacionam-se a medos, ou à situação de muita cobrança, interna e externa, relacionadas a questões com conotações emocionais.
fonte:  Paulo Henrique de Abreu

Fisioterapeuta especializado em RPG

Dores na Coluna Vertebral e Metafisica II- continução




A região sacral está relacionada à sexualidade. Problemas na região sacral relacionam-se a conflitos relacionados a sexualidade, sobretudo traumas e repressão. Nos casos de meninas que são esperadas meninos, é muito comum encontrarmos uma materialização sobre o sacro e dores na região. Estas mulheres, em geral, apresentam dificuldade nos relacionamentos íntimos, dificuldade de engravidar, cólicas menstruais, suscetibilidades a problemas no aparelho reprodutor (útero, ovários, seios etc.) frigidez e tendência homossexual conflitiva. (Condição sexual homossexual que só acontece porque a pessoa não se permite ter o que quer, no caso uma relação heterossexual).


Homens com esse tipo de conflito materializam menos sobre o sacro, mas também manifestam problemas com a sexualidade, tanto com os relacionamentos, como no que diz respeito à suscetibilidade a problemas no aparelho reprodutor, inclusive em muitos casos sendo estéreis e tendo tendência homossexual conflitiva.

É muito importante destacar que as dores do isquiático (ciático) também estão relacionadas aos problemas de coluna da região lombar e sacral. Correspondem aos medos de seguir em frente, inseguranças diversas e dificuldade de adaptação as situações de vida, especialmente aquelas que requerem mudança de comportamento ou que transformam nossa rotina.

Não são apenas os problemas de coluna, mas todas as articulações relacionam-se à nossa capacidade de nos “articular” na vida, ou seja, capacidade de relacionamento político. Problemas nas articulações relacionam-se à rigidez e à dificuldade de superar situações difíceis. Incluem-se nesse contexto todas as “ites” que afetam as articulações e que estão relacionadas a situações desagradáveis a que a pessoa se submete mesmo não gostando, por não saber com resolver.

Quando nos referimos a “articular-se” na vida, estamos enfocando nossa capacidade de relacionarmo-nos equilibradamente sem machucar o outro nem nos deixarmos machucar, respeitando os limites de cada um, inclusive os próprios. Viver é relacionar-se de forma equilibrada; do contrário, é muito difícil termos uma perspectiva feliz e saudável. Portanto, a forma como nos relacionamos é fundamental para o nosso equilíbrio. Essa maneira equilibrada de viver constrói-se a partir da espiritualidade e do amor, que sempre deve começar pelo amor por si mesmo. O equilíbrio sempre parte do respeito mútuo entre as pessoas, o que em nossas relações é fundamental. A capacidade de se “articular” é muito importante para o êxito ser alcançado, tanto no trabalho, quanto nas relações mais próximas, e consiste na flexibilidade e maleabilidade que precisamos ter para não desrespeitarmos os outros e nem a nós mesmos.

Para ser infeliz e desamado, ninguém nasce. Se, nascemos dentro de uma perspectiva negativa, é porque temos a esperança de reversão. A vida é incompatível com a tristeza e a falta de amor. Portanto, “articular-se” é relacionar-se dentro da interdependência saudável que rege o universo com respeito pelo outro e por si mesmo, sem toda a rigidez que se relaciona à maioria dos problemas articulares. Desculpem a repetição, mas no que se refere ao inconsciente, que assimila bem o que for repetido, esta repetição é produtiva: precisamos melhorar nossas relações, para que possamos mudar o mundo.

fonte: Por Paulo Henrique de Abreu –

Fisioterapeuta especializado em RPG



Endireite as costas !!!




A posição ereta do homem só foi possível pelas modificações que surgiram na coluna. A cabeça teve que se equilibrar na porção superior da coluna e, assim, permitir que os olhos pudessem ficar voltados para a frente; a cabeça e o tronco tiveram que se equilibrar sobre os membros inferiores, por meio da cintura pélvica; e o corpo todo teve que se apoiar no espaço ocupado pelas plantas dos pés, com isso modificando o centro de gravidade.

Essas manobras só foram possíveis pelo aparecimento das curvas lordóticas, secundárias, na região cervical e na lombossacra; nisto desempenhou papel fundamental a massa muscular, por desenvolver uma força antigravitacional poderosa, que permitiu aos primitivos seres antropóides erguer-se do chão, adquirir a postura ereta mantê-la e andar. Esses atos eram voluntários, comandados pelo sistema nervoso central, e, com o passar dos séculos, transformaram-se em atos regulados pelo sistema nervoso involuntário.O feto da espécie humana encontra-se, no útero, numa posição de flexão total, com a coluna em "C", cifótica. O único músculo de inervação voluntária que está em atividade é o iliopsoas, que permite ao feto dar pontapés. Este, porém, não pode dar cabeçadas.


Na vida pós-natal, a criança consegue, logo nas primeiras semanas, levantar a cabeça, o que é feito pela presença da musculatura antigravitacional do pescoço e resulta na formação da lordose cervical. Aos nove meses, quando a criança começa a engatinhar e a sentar, surge a presença da musculatura da região lombar, antigravitacional, que molda a curvatura da coluna na região lombossacral. O início do amadurecimento neuromuscular, que se manifesta no controle dos esfíncteres e dos glúteos, permite à criança ficar de pé.As curvas são divididas em primária, que já existe no feto e é a cifose dorsal, e secundárias ou adquiridas, que são as lordoses cervical e lombar.Essas curvas (lordose cervical e lombar), convexas anteriormente, são moldadas pelos músculos e pelos discos intervertebrais, que são cuneiformes. Na região dorsal, a curvatura é côncava anteriormente e determinada pelas alturas dos corpos vertebrais.

Os bebês devem passar os primeiros meses em pronação ou supinação, ou seja, devem ser deitados em decúbito ventral, como ocorre no Brasil e nos Estados Unidos, ou em decúbito dorsal, como é tradição na Inglaterra ou vários países europeus. As crianças colocadas em decúbito dorsal têm maior desenvolvimento motor; alguns autores acreditam que esta posição seja a causa do aparecimento da escoliose infantil, comum na Inglaterra e praticamente inexistente no Brasil e nos Estados Unidos.


Figura: Evolução cronológica do desenvolvimento da postura no.homem. A -Coluna no útero não tem nenhuma curvatura. B - Formação da lordose cervical para suportar a elevação da cabeça. C - Formação da lordose lombar devido à força antigravitacional dos músculos.

Durante os dois primeiros anos de vida, as vértebras lombares crescem rapidamente, com conseqüente alongamento lombar e aumento das nádegas, resultantes da posição ereta.


Acompanhando 600 crianças de um orfanato, verificou-se que, durante o crescimento, de 2 a 6 anos, os joelhos se aproximam (joelho valgo) para dar uma base mais ampla feita por uma torção da tíbia.

A taxa de crescimento em altura diminui rapidamente nos dois primeiros anos e continua a diminuir na idade pré-escolar, havendo um pequeno aumento entre 11 e 14 anos, para as meninas, e entre 12 e 15 anos, para os meninos. A mesma evolução ocorre em relação ao peso.


Até os 9 anos, não há diferenças significativas entre meninos e meninas, apesar de as meninas serem um pouco mais gordas e um pouco mais baixas. A partir daí, as meninas crescem mais rapidamente e essa taxa de crescimento continua por 2 a 3 anos, sendo a velocidade máxima atingida por volta de 12 anos, aproximadamente um ano antes da menarca. Nos meninos, tudo ocorre dois anos mais tarde. Entre 16 e 18 anos, cessa o crescimento em estatura e o ponderal.O crescimento das partes do corpo é diferenciado. Durante a infância, o crescimento mais rápido é o da cabeça; depois, o do tronco. No segundo ano, as pernas começam a crescer mais rapidamente que o tronco, e isso continua até o início do crescimento da puberdade, quando, em ambos os sexos, o tronco cresce mais rapidamente do que os membros. Nos meninos, os ossos da cintura escapular crescem mais rapidamente do que os da cintura pélvica, e,nas meninas, vice-versa.O peso corporal está em função da gordura, músculos e vísceras. Os músculos constituem-se no maior contingente do peso corporal. No nascimento, constituem 25% do peso corporal, e, no início da adolescência, podem constituir 43% do peso corporal.

Fonte: Knoplich, José - Endireite as costas
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